sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Genealogia

 


(...)

Ninguém, mesmo que queira,

quer morrer. E, do mais, ficam-nos

vislumbres, pormenores, anotações

cujo sentido descobrimos demasiado tarde.


Não sei se a cultura ajuda. Preferia

a qualquer obra de Bach

que a música ambulante do amolador

pudesse de novo passar na infância,

na infância breve de estarmos ambos vivos,

sentados na varanda. À espera de dias

iguais, sob a alta sombra dos pinheiros.


Era isso.


Manuel de Freitas, Beau Séjour

 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

pradaria

Para se fazer uma pradaria
é preciso um trevo e uma abelha.
Um trevo, uma abelha 
e sonho.
Só sonho bastará, 
se as abelhas forem poucas.






Emily Dickinson

sábado, 28 de outubro de 2017

caminhada imagética

"Não confiar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em plena liberdade de movimentos."

Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

cinema

"O cinema permite-nos dar tréguas à nossa consciência da realidade e acreditar no inacreditável. É isso que o cinema nos propõe: sermos tocados pela verdade, ao mesmo tempo que sabemos que tudo é falso. (...) É, portanto, como regressar à suspensão da hierarquia entre real e imaginário que nos era permitida na infância".


quinta-feira, 6 de junho de 2013

adolescência

“Quando evocamos a nossa adolescência, descobrimos que ela é aquele período da nossa vida em que se abre entre nós e nós uma cisão. Raras vezes o adolescente consegue perceber o que é uma criança e, sobretudo, não consegue fazer a passagem da sua própria infância até onde ele está. Nesse sentido, a adolescência é a condição não rememorativa por excelência da vida humana. É a época em que a tolerância diminui drasticamente, em que nos perguntamos se a vida não é um sonho. (Esta é uma pergunta que uma criança não pode fazer, pois para ela é tudo real). E tudo nos parece vir do nada ou, pelo menos, desejaríamos que assim fosse, que tudo viesse do nada, nós próprios gostaríamos de ter vindo do nada, gostaríamos de ser autores da nossa vida. Está-se no coração de uma separação, de um desajustamento essencial às regras da sobrevivência, o que faz da adolescência a fonte de onde parecem provir todos os exercícios críticos, formas de inadaptação que podem manter-se transformadas, mais ou menos profundamente, e redimidas, mais ou menos profundamente, pela vida fora.”



domingo, 14 de outubro de 2012

"o vento sobre a terra"


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"robar insights"