quinta-feira, 23 de junho de 2011

4ª lição


«Nem tudo o que é conhecível pode ser articulado de forma proporcional. Os limites do nosso conhecimento não são definidos pelos limites da nossa linguagem. No ocidente temos uma longa tradição filosófica que promove a visão de que saber algo requer uma formulação daquilo que sabemos em palavras; precisamos de ter garantias para as nossas afirmações. Mas será mesmo verdade que o que o que não podemos afirmar, não podemos conhecer? De acordo com Michel Polanyi não. Ele fala de conhecimento tácito e diz que “nós sabemos mais do que podemos dizer”. E Dewey diz-nos que enquanto a ciência declara significado, as artes expressam significado. O significado não está limitado àquilo que pode ser afirmado. Dewey continua e diz que o estético não pode ser separado do intelectual. Para que o intelectual seja completo, ele tem que carregar o selo do estético. Ter um nariz para fazer questões e um sentimento para respostas incisivas não são metáforas sem nexo. Estas ideias não expandem apenas a nossa concepção dos modos sobre os quais nós conhecemos, mas também expandem a nossa concepção de mente. Elas apontam para fronteiras cognitivas que o nosso ensino pode explorar. Como podemos ajudar os estudantes a reconhecer os modos sobre os quais nós exprimimos e recuperamos o significado, não só nas artes mas também nas ciências? Como podemos iniciá-los na arte de fazer ciência? Apesar de tudo, a prática de alguma prática, incluindo a ciência, pode ser uma arte. Na prática, é óbvio para toda a gente que nós recorremos a uma forma expressiva de dizer aquilo que a linguagem literal nunca poderia dizer. Nós construímos santuários para exprimir a nossa gratidão para com os heróis do 11 de Setembro porque, de alguma forma, achamos as nossas palavras inadequadas. Nós recorremos à poesia quando enterramos e quando casamos. Nós estabelecemos as nossas práticas religiosas mais profundas dentro de composições que nós coreografamos. O que é que a nossa necessidade de tais práticas nos diz sobre as origens do nosso conhecimento e o que significam para a forma como educamos? Num tempo em que parecemos querer empacotar a performance em grupos padronizados limitados de capacidades, questões como estas parecem-me ser especialmente importantes. Quanto mais sentirmos a pressão para padronizar, mais necessidade temos de nos lembrar daquilo que não devemos padronizar.»


terça-feira, 21 de junho de 2011

"invisible man"